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Equiparação salarial: entenda as regras legais, funcionamento e alterações após a reforma trabalhista

A equiparação salarial é um dos pilares centrais da legislação trabalhista brasileira, desempenhando um papel crucial na busca por justiça e equidade no ambiente de trabalho. Este tema é um dos mais recorrentes nas disputas judiciais entre empregados e empregadores, onde os trabalhadores reivindicam salários iguais para funções idênticas. A questão da disparidade salarial não é apenas uma preocupação comum, mas uma fonte significativa de conflitos que refletem desigualdades enraizadas no ambiente corporativo.

A disparidade salarial e suas causas

A discrepância de salários entre profissionais que exercem a mesma função em uma empresa é um problema persistente no mercado de trabalho brasileiro. Essa diferença de remuneração pode ter diversas causas, desde questões de qualificação até fatores mais preocupantes, como a discriminação de gênero, idade, raça ou estado civil. Infelizmente, situações de preconceito e discriminação ainda são comuns, afetando a equidade no ambiente de trabalho.

Reconhecendo a gravidade do problema, a legislação brasileira estabelece medidas para impedir a prática discriminatória de pagamento desigual. A proibição de diferenças salariais por motivos injustificáveis é uma forma de promover ambientes de trabalho mais justos e igualitários. Mas, afinal, o que exatamente é equiparação salarial?

O conceito de equiparação salarial

Equiparação salarial refere-se ao direito dos trabalhadores de receberem o mesmo salário quando realizam as mesmas funções dentro de uma empresa. Essa premissa é fundamentada na ideia de igualdade prevista na Constituição Federal, que assegura que todos os brasileiros são iguais perante a lei. O princípio da isonomia, presente no artigo 7º da Constituição, proíbe a discriminação salarial baseada em sexo, idade, cor ou estado civil, reforçando que todos os trabalhadores têm direito à remuneração equitativa.

Base legal para equiparação salarial

O direito à equiparação salarial não está apenas ancorado na Constituição. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) também aborda essa questão, especificando em seu artigo 461 que, para funções idênticas, realizadas com igual produtividade e perfeição técnica, deve-se assegurar igualdade salarial, sem distinção de gênero, etnia, nacionalidade ou idade.

Requisitos para a equiparação salarial

Para que a equiparação salarial seja aplicável, alguns requisitos devem ser atendidos, conforme descrito no artigo 461 da CLT:

• Identidade de função: os funcionários devem exercer a mesma função, mesmo que ocupem cargos diferentes;

• Igualdade de valor no trabalho: o trabalho deve ser realizado com a mesma produtividade e perfeição técnica;

• Mesma localidade: os colaboradores devem atuar no mesmo estabelecimento empresarial;

• Mesma empresa: o trabalho deve ser prestado ao mesmo empregador;

• Diferença de tempo de serviço: a diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não deve ser superior a quatro anos, e na mesma função, não pode exceder dois anos.

A questão da discriminação salarial

Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma realidade no Brasil. Em média, as mulheres recebem cerca de 20% menos que os homens para desempenharem as mesmas funções. Essa discrepância mostra a necessidade de medidas eficazes para garantir a equiparação salarial, combatendo práticas discriminatórias e promovendo a justiça social no ambiente de trabalho.

A reforma trabalhista e seus impactos

A Reforma Trabalhista de 2017 trouxe mudanças significativas na questão da equiparação salarial. Uma das alterações mais notáveis foi a especificação de que a equiparação só é aplicável quando os trabalhadores atuam no mesmo estabelecimento empresarial, e não apenas na mesma localidade geográfica. Além disso, a reforma introduziu a possibilidade de planos de cargos e salários serem utilizados como base para diferenciação salarial, desde que esses planos sejam claros e estruturados.

Planos de cargos e salários como proteção legal

A existência de um plano de cargos e salários é uma estratégia eficaz para proteger empresas contra ações de equiparação salarial. Quando uma empresa possui um plano bem definido, que estabelece critérios claros para promoções e remunerações, é mais fácil justificar diferenças salariais. Esses planos promovem transparência, valorizam o talento e o desempenho dos colaboradores, e contribuem para um ambiente de trabalho mais justo e motivador.

As consequências da não conformidade

Empresas que não cumprem as normas de equiparação salarial podem enfrentar sérias consequências legais. Processos trabalhistas por equiparação salarial são comuns e podem resultar em pesadas multas e pagamentos de passivos trabalhistas. Além disso, violações comprovadas de discriminação podem acarretar multas de até 50% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, conforme previsto na legislação atualizada.

A importância da equiparação salarial

A equiparação salarial não é apenas uma questão de justiça econômica, mas também um reflexo dos valores de igualdade e respeito à dignidade humana. Promover a igualdade salarial é essencial para construir ambientes de trabalho mais inclusivos e justos, onde todos os colaboradores se sintam valorizados e respeitados. À medida que a sociedade avança em direção à igualdade, a legislação trabalhista deve continuar a evoluir para garantir que todos os trabalhadores, independentemente de gênero, idade, cor ou estado civil, recebam tratamento equitativo e digno.

As empresas, por sua vez, têm a responsabilidade de implementar políticas que promovam a equidade e a justiça, assegurando que a discriminação não tenha lugar no ambiente de trabalho. Através de uma aplicação rigorosa da equiparação salarial, é possível construir um futuro mais justo e igualitário para todos os trabalhadores brasileiros.

Fonte: Contábeis

https://www.contabeis.com.br/noticias/66828/equiparacao-salarial-regras-legais-funcionamento-e-alteracoes-apos-reforma/