OLIVEIRA BRANDAO CONTADORES

Processo de análise sobre demonstrativos contábeis

A análise de demonstrativos contábeis é um dos pilares para compreender a saúde financeira e patrimonial de uma entidade. Para contadores, administradores e gestores, o processo vai muito além de verificar números: trata-se de interpretar, cruzar informações e identificar tendências que orientem decisões estratégicas.

No Brasil, a estrutura dos demonstrativos contábeis é regulada pela Lei nº 6.404/1976 (Lei dasS.A.), pelas Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) e, no setor público, pelo Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) e pelas NBC TSP.

1. O que são Demonstrativos Contábeis

Os principais demonstrativos, no âmbito empresarial, incluem:

• Balanço Patrimonial (BP)

• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

• Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)

• Notas Explicativas

No setor público, incluem ainda:

Balanço Orçamentário (BO)

• Balanço Financeiro (BF)

• Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP)

2. Etapas do Processo de Análise

O processo de análise de demonstrativos contábeis pode ser dividido em seis etapas principais:

a) Coleta e organização dos dados

• Reunir todos os demonstrativos do período a ser analisado.

• Garantir que as demonstrações estejam auditadas ou devidamente revisadas.

• Observar o regime contábil (caixa ou competência).

b) Leitura preliminar

• Identificar principais variações em contas relevantes.

• Comparar com períodos anteriores.

• Verificar se houve mudanças na política contábil ou na forma de apresentação.

c) Aplicação de técnicas de análise

• Análise vertical: avalia a participação de cada conta em relação a um total (ex.: % de despesas sobre a receita líquida).

• Análise horizontal: mede evolução ao longo do tempo (crescimento ou redução de valores).

• Índices financeiros: liquidez corrente, margem líquida, endividamento, rentabilidade etc.

d) Interpretação dos resultados

• Relacionar números com fatos econômicos e operacionais.

• Considerar fatores internos (mudança na produção, política de crédito) e externos (inflação, variação cambial, legislação).

e) Comparação com parâmetros de referência

• Benchmarking com empresas ou entes públicos do mesmo porte e setor.

• Avaliação de conformidade com limites legais (ex.: LRF no setor público).

f) Elaboração de relatório gerencial

• Apresentar conclusões objetivas.

• Indicar pontos fortes e riscos.

• Sugerir ações corretivas ou estratégicas.

3. Exemplos práticos

• Empresa privada: ao analisar a DRE, um contador percebe aumento de 20% no custo de mercadorias vendidas, sem aumento proporcional na receita, indicando possível necessidade de renegociação com fornecedores.

• Órgão público: no Balanço Orçamentário, observa-se execução de apenas 65% das receitas previstas, demandando revisão do planejamento orçamentário.

4. Importância da análise contínua

A análise não deve ser feita apenas no encerramento do exercício. Monitoramentos

trimestrais ou mensais permitem:

• Detectar problemas antes que se agravem.

• Aproveitar oportunidades de investimento.

• Ajustar estratégias fiscais e orçamentárias.

5. Boas práticas

• Usar ferramentas tecnológicas de Business Intelligence (BI) para acompanhamento em tempo real.

• Manter atualização constante sobre normas contábeis e tributárias.

• Registrar hipóteses e premissas utilizadas nas análises.

• Comunicar resultados de forma clara, inclusive para não especialistas.

Conclusão

O processo de análise sobre demonstrativos contábeis é mais do que um cumprimento de obrigação técnica: é um diferencial competitivo e de gestão. Uma análise bem conduzida gera informações que orientam decisões estratégicas, fortalecem a transparência e contribuem para a sustentabilidade financeira, tanto no setor privado quanto no público.

Fonte: contadores

https://www.contadores.cnt.br/noticias/artigos/2025/08/19/processo-de-analise-sobre-demonstrativos-contabeis.html